Sem avanço na reciclagem desde 2010, Brasil ainda convive com milhares de lixões a céu aberto

Abrelpe mostra que, no ano da implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, o país aproveitava 4% do lixo reciclável. Dez anos depois, o aproveitamento chegava a apenas 5%.

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#lixão POR ITALO 17 DE NOVEMBRO DE 2021

Algumas iniciativas, mesmo pequenas, contribuem no Brasil para melhorar o meio ambiente. Na reciclagem do lixo, por exemplo, elas são muito necessárias.

O que entra numa esteira de reciclagem é separado por peneiras, eletroímãs, jatos de ar-comprimido. Os trabalhadores fazem a última triagem, antes de os fardos irem pra reciclagem. A cidade de São Paulo poderia processar 500 toneladas de material reciclável por dia, mas as esteiras recebem menos da metade. Outras 70 toneladas vão para cooperativas de catadores, que têm convênio com a Prefeitura.

Com tudo isso, São Paulo consegue dar um destino adequado para 7% do lixo reciclável que é produzido pela cidade. A Prefeitura estima que outros 14% sejam recolhidos por catadores não cadastrados e vendidos diretamente para indústrias. Mas isso ainda deixa 79% do material que poderia ser reaproveitado dentro de sacos, junto com o lixo orgânico, sendo enviado diretamente para o único aterro sanitário da cidade. E ele não tem mais muito tempo de operação.

"Está previsto o fim dele para 2026. Então, é extremamente urgente a implantação de novas tecnologias. Em paralelo, a gente não pode deixar de aumentar a conscientização ambiental, aumentar a educação ambiental da população, separar mais, porque quanto mais a população separa, menos vai para o aterro", ressalta o gerente da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb) de São Paulo, Túlio Rossetti.

Um levantamento da Abrelpe, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, mostra que, no ano da implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, em 2010, o Brasil aproveitava 4% do lixo reciclável. Em 2019, 5%.

Pelas contas da Abrelpe, 40% ainda vão parar em 3 mil lixões, que continuam em atividade, mesmo proibidos há 30 anos.

O presidente da Associação avalia que a política de resíduos sólidos falhou ao não prever recursos para tratar o lixo. Ele diz que esses problemas foram corrigidos... No papel.

"Nós tivemos o novo Marco do Saneamento, aprovado em julho de 2020, então os municípios tiveram até 15 de julho de 2021 para instituir a cobrança pelo serviço de limpeza urbana, na forma de tarifa, na forma de taxa. Quem não o fez, quem não o fizer, vai responder como renúncia de receita nas penalidades da Lei de Responsabilidade Fiscal, que enseja justamente improbidade administrativa, perda de mandato e inelegibilidade", diz Carlos Silva Filho, presidente da Abrelpe.

A Associação calcula que a reciclagem poderia injetar R$ 14 bilhões por ano na economia brasileira. Esse valor só não vai todo para o lixo graças à iniciativa privada. Uma empresa que opera em São Paulo e no Rio ganha dinheiro comprando lixo de casa em casa. Os moradores recebem, em média, R$ 70 por mês.

"Rende um dinheirinho para todo mundo, e a gente faz a economia circular no próprio bairro. Eu compro resíduo do morador, o morador compra a embalagem do mercadinho do seu Manuel, o seu Manuel compra da indústria, e a indústria compra da gente", explica Marcos Campos, franqueado da Coletando.

Sérgio Moraes é um dos 240 clientes da empresa: ele faz parte de um grupo de voluntários que recolhe lixo da represa de Guarapiranga, na Zona Sul de São Paulo. O dinheiro que entra financia as ações de limpeza.

"Nós estamos usando o dinheiro do lixo para tirar o lixo da represa", resume Sérgio.

crédito:https://g1.globo.com

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